terça-feira, 25 de novembro de 2014

Pomar Urbano adubado com composto de restos de cozinha e esterco humano.

Ideia...

Essa é uma ideia que para muitos poderia soar no mínimo estranha, mas racionalmente é muito lógica. Uma ideia dessa talvez só fosse implantada em uma sociedade mais evoluída, quem sabe daqui a alguns anos.


Algo como este canteiro, só que com árvores frutíferas e trepadeiras
O que seria esse pomar urbano? Bom... na calçada de cada casa e comercio, haveria canteiros altos (talvez 80cm de altura), feitos de alvenaria, que poderiam conter bancos agregados, esses canteiros seriam bem projetados, contando com drenagem adequada, solo adequado, e árvores adequadamente escolhidas para as condições do local, como fiação sobre o canteiro, proximidade entre canteiro e casas, tamanho dos frutos, diversidade de épocas de colheita etc. Poderiam ser usadas árvores pequenas, com frutos pequenos, que não pudessem causar acidentes, que não perdessem muitas folhas, entre outras características, algumas espécies interessantes: pitanga, jabuticaba, acerola, uvaia, mamão, amora e também espécies arbustivas como o manacubiu, enfim poderia haver diversas espécies, de acordo com o local, também poderiam ser adaptados caramanchões para espécies trepadadeiras como chuchu, maracujá, uva etc. Então em todas as calçadas haveria esse tipo de canteiro, com as árvores fornecendo frutos frescos durante o ano todo (diversidade de espécies), sombra para os pedestres, conforto térmico e acústico, abrigo para animais, material seco para o manejo das composteiras (folhas e galhos moídos), e embelezamento das vias.


Os canteiros se manteriam produtivos pelo manejo dado pelos moradores das proximidades de cada canteiro, os moradores teriam conhecimento básico de poda e manejo de frutíferas, afim de cuidarem eles próprios de todas as necessidades das árvores. A adubação seria feita a partir do material compostado nas casas, preferencialmente o oriundo da compostagem do esterco humano, e porque isso? Porque mesmo o composto produzido adequadamente a partir do resíduo proveniente do banheiro seco, não apresentando grandes riscos quando utilizado na adubação de hortaliças, ainda assim pode em alguns casos apresentar riscos, para evitar isto, pode-se utiliza-lo na adubação de árvores e plantas de porte arbustivo, sem risco para a saúde, já que o alimento cultivado encontras-se longe do solo.
Para isso cada casa contaria com seu banheiro seco, portátil ou mais complexo, o resíduo acumulado seria então compostado em composteiras seladas, como as rotativas, evitando assim a chuva sobre o composto, a invasão de animais, além de aumentar a velocidade da decomposição, o material compostado após a fase de maturação, poderia ser adicionado aos canteiros, resolvendo o problema de ter que tratar os efluentes de águas negras e devolvendo esse resíduo que seria desperdiçado na poluição das águas, além de descentralizar parte do problema do tratamento de lixo e efluentes, resolvendo localmente um problema local (um dos pilares da Permacultura).


Composteira rotativa

Banheiro seco portátil


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Como fazer iogurte caseiro

Essa receita eu faço a anos, e poucas vezes não deu certo e das vezes que não funcionou, o trabalho não foi totalmente perdido, pois ou continuo como leite ou virou coalhada, então algum produto no final haverá.

Ingredientes
Os ingredientes são poucos:

2 litros de leite integral -  fica melhor ainda ser for leite fresco
1 potinho de iogurte integral (170gr) ou ainda um copo de iogurte já preparado

Você também vai precisar de 4 potes de vidro de 500ml com tampa e  bolsa térmica, e um termômetro se tiver, mas é perfeitamente possível fazer sem este.


O iogurte é o resultado do processo de fermentação láctea, realizado por fermentos lácteos (microrganismos) que convertem a lactose em ácido lático, por isso eu sempre que compro iogurte prefiro os que foram fabricados a pouco tempo, pois estão mais frescos, e (imagino) devem conter mais fermentos ativos, mas não sei se isso realmente interfere no sucesso do processo.

Na minha experiência fazendo iogurte, percebi que algumas marcas não dão bons resultados, uma que me lembro é "Carolina", mas é possível testa e tirar suas próprias conclusões, as marcas que eu já usei e que nunca falharam foram; Nestlé, Vigor, Batavo e Frimesa, mas pode se tentar com outras, o importante é que o iogurte seja integral.

Vamos a receita.

Primeiro ferva os 2 litros de leite, tampe e deixe esfriar até que seja possível manter o dedo indicador (limpo!) por uns dez segundos dentro do leite, ou se constate com um termômetro a temperatura de uns 45° Celsius, então misture o iogurte de copinho no leite ( antes é bom mexer bem o iogurte dentro do copinho, para que ele não saia empelotado), então despeje esse leite com o iogurte dentro dos vidros esterilizados, é importante deixar um dedo de folga dentro do pote, porque o iogurte pode aumentar um pouco de volume dentro do vidro. Após o vidros estarem cheios com o leite e tampados, devem ser colocados dentro de uma bolsa ou caixa térmica, para que a temperatura seja mantida, caso esteja muito frio (Inverno), pode-se colocar uma garrafa de vidro, cheia de água quente, dentro da bolsa térmica. Deve se esperar umas 10 horas antes de abrir a bolsa, o iogurte produzido deve ter uma consistência firme e cheiro agradável.
Iogurte na bolsa térmica

Depois que se tem o primeiro iogurte, pode se usar parte dele (um copo de 250ml) para a produção do próximo volume, eu já utilizei o mesmo iogurte sucessivamente por 4 vezes seguidas, e deu certo, mas o gosto tende a mudar depois de se reutilizar o mesmo iogurte várias vezes, tendendo para um sabor de levedo, o melhor é utilizar umas duas vezes e ai começar com um iogurte novo.

Esterilizando os potes

Pode se esterilizar os potes fervendo-os com suas respectivas tampas dentro de uma panela grande com um pano ou uma tábua no fundo (para impedir que os potes estourem), ou pode-se simplesmente coloca-los dentro de uma forma, com as bocas para cima - potes e tampas - e despejar água fervente dentro e fora dos potes e tampas, não é o jeito mais correto de esteriliza-los, mas comigo sempre funcionou, afinal o iogurte é uma forma de conservação do leite, é dificilmente uma bactéria ou fungo que poderia estraga-lo, conseguira competir com o fermento lácteo, por esse motivo é que se o iogurte for mantido na geladeira, pode durar algumas semanas sem problema.

Fermento lácteo comercial

Eu já utilizei o fermento comercial importado duas vezes e não obtive bons resultados, ficou com consistência de leite e gosto fraco, e acho ele muito caro comparado com um copinho de iogurte e difícil de achar, é muito mais prático e barato comprar um copinho de iogurte e dificilmente não dá certo, mas essa é minha opinião particular.

Iogurte pronto

Mãos a obra!

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Cisternas

Acho que nem preciso falar da importância da água na vida cotidiana e na vida de todos os seres vivos, com o menor índice de chuvas que varias regiões do Brasil tem enfrentado nos últimos meses, ficou muito evidente como somos vulneráveis a escassez de água e como estamos despreparados para uma crise hídrica, dependentes dos sistemas públicos e privados de distribuição de água, por isso a importância da captação e armazenamento da água de chuva através de cisternas.

As cisternas podem ter diferentes níveis de complexidade, desde a mais simples - um recipiente que recebe água diretamente da calha, sem nenhum tipo de filtração - até sistemas com reservatório enterrado, com vários tipos de filtração, bomba elétrica etc.

Modelo simples
O tipo mais simples não possui nenhum tipo de filtragem, é apenas um desvio da tubulação da calha para um recipiente, que possui uma torneira e um ladrão para drenar o excesso de água. É uma água destinada a rega de plantas e lavagem de ferramentas de jardim. A cisterna da foto ao lado possui uma mangueirinha de nível, ligada por um furo no flange e esticada até a parte de cima do reservatório, que mede o nível interno de água, as pontas da mangueira devem ficar abertas para o sistema funcionar!

Um modelo mais complexo pode incluir um filtro para separar resíduos sólidos (peneira) para folhas e outras substâncias maiores, um filtro para descartar a primeira água da chuva ou a garoa, que acaba "lavando" o telhado e trazendo a poeira e outras substancias pra dentro do reservatório, também um sistema de freio d'água, para diminuir a turbulência da água dentro da caixa e diminuir a agitação do material decantado no fundo, e um sistema chamado "pescador" para captar somente a água de superfície dentro do reservatório, que é a mais limpa. Além de todas essas tecnologias de filtragem, um sistema mais complexo pode incluir sistemas de filtragem que tornem a água apta ao consumo humano (beber, cozinhar etc) como filtros de entrada e filtros UV. A complexidade do sistema vai depender do uso que se dará a água e do material/orçamento disponível.

Um site bem interessante, que tem muito material sobre construção de cisterna e outras tecnologias é esse: www.sempresustentavel.com.br  lá você encontra o passo a passo para a construção de todas as partes de uma cisterna.


 Um sistema de baixo custo

Aqui em casa eu construi uma cisterna de baixo custo, empregando materiais descartados, e utilizando o mínimo de materiais novos. Ela possui um sistema para descarte da primeira água, freio d'água, pescador, e uma bomba d'água de lavadora de roupa para elevar a água para o reservatório de cima.
Vista geral




Sistema de descarte da primeira água

Esquema tosco do sistema de descarte da 1° água
 Foram utilizadas uma caixa de amianto de 500L que recebe a água e serve de apoio para o reservatório de cima de 150L, para o sistema de descarte da primeira água eu utilizei algumas tubulações maleáveis e um "tee" feito de três partes para se adaptar as tubulações de diferentes diâmetros, a tubulação azul enche o recipiente verde de água, esse transborda e enche a tubulação azul, quando esta transborda, a água desvia para a tubulação preta que desagua no reservatório principal. Esse sistema pode ser feito apenas com canos, com uma tubulação descendo da calha, indo para um tee, do tee sai uma conexão do meio do tee para dentro do reservatório, e da saída de baixo se prolonga um cano até o chão, com uma tampa na ponta (cap) com um pequeno furo no meio (que servira para esvaziar o sistema depois que a chuva acabar), e um parafuso lateral, unindo o cap ao cano, é importante não usar cola para unir esse cap ao cano, para que numa futura limpeza do sistema, possa-se retirar a tampa facilmente, no site citado anteriormente é explicado a construção desse sistema, mas acho um pouco complexa a construção da ponteira do sistema (o cap na ponta), dessa forma simplifiquei com o uso de um parafuso apenas. 

Ponteira do filtro 1°água
Mecanismo do pescador

Pescador completo

 Nesse sistema de captação de água não achei necessário colocar um filtro de tela para barrar as substâncias maiores, pois no telhado de casa não caem folhas e a água é só para uso no jardim, mas foi adicionado um freio d'água e um pescador, pois apesar do ar limpo do litoral, ainda assim com o tempo uma camada de lodo formada por poeira, acaba se acumulando no fundo do reservatório.

Freio d'água alternativo e ladrão a direita
 
"Pescador" alternativo




Freio d'água
O freio d'água foi feito dobrando-se a tubulação e prendendo com arame, e o pescador foi feito com um conduíte amarelo ligado ao flange (é a peça que faz a ligação da parte interna com a externa do reservatório) e a outra ponta do conduíte esta fixada a uma garrafa pet que faz o papel de boia, mantendo a entrada do conduíte sempre próxima a superfície da água, assim captando a água mais limpa, o sistema pescador também pode ser feito somente com canos, no site da Sociedade do Sol (www.sociedadedosol.org.br) tem vários tipos de pescador que podem ser construidos, apesar de terem sido desenvolvidos para aquecedor solar, o projeto é idêntico ao da cisterna.

Outra necessidade quando se constroe uma cisterna, é como deixa-la mais alta do que o terreno, afim de ter altura suficiente para uma torneira, já que quanto mais alta, mais pressão haverá na torneira, na minha primeira experiência com a construção da cisterna, eu construi uma estrutura de madeira, mas essa em pouco tempo começou a apodrecer devido a umidade, o que ficou perigoso, já que 500L correspondem a meia tonelada, então a importância de se construir uma estrutura segura, é possível utilizar a madeira, desde que se proteja a estrutura, impregnando a madeira com algum tipo de óleo, como o óleo queimado, e também evitando quando possível que a estrutura fique tomando chuva, uma alternativa interessante, que eu testei construindo uma cisterna pequena em uma escolinha, é o uso de pneus cheios de areia úmida socada, fica muito resistente e durável. Uma dica para aumentar a pressão da água é usar flange e registro/torneira maiores, ao invés de instalar um flange e uma torneira de 3/4 (25mm), optar por um tamanho de 32mm ou 50mm, para encher um regador, um registro de esfera de 32mm é uma maravilha.
Base pronta

Socador
União dos pneus com arame

  
 O sistema ideal

Cisterna de ferro-cimento
Um sistema captação de agua pluvial ideal do meu ponto de vista, deverá não só suprir a demanda de água das plantas do quintal, mas também a água a ser utilizada para lavagem de roupas, uso nas descargas, banho, e até mesmo para cozinhar e beber, para isso deve contar com um reservatório grande o suficiente para suprir as demandas mensais de água, para isso deve se calcular a demanda da casa, a área total do telhado X a média pluviométrica da região, para assim calcular quanta água pode-se captar ao longo do ano e comparar com a demanda mensal, para assim descobrir o tamanho do reservatório ideal.

O reservatório principal pode ficar acima do solo, o que é mais barato, pois não é preciso escavar o solo, e pode se utilizar técnicas de construção, como a do ferro-cimento para construção do reservatório, que diminuem o valor do investimento, em locais com pouco espaço, o reservatório pode ser enterrado, além do reservatório principal, existira um reservatório secundário, que ficara abaixo do telhado ou sobre a laje, e se manterá cheio com água da cisterna, por um sistema de bomba elétrica e boia elétrica, também um sistema anti-estiagem, que nada mais do que a ligação da água da rede no reservatório secundário, esta ligação é controlada por uma boia, caso falte chuva e o reservatório fique vazio, ele será abastecido pela rede convencional.

O uso que se dará a essa água vai nortear o planejamento das tubulações da casa, caso a água seja usada para fins não potáveis, como descarga e lavagem de roupas, a casa deverá contar com um encanamento só para água da cisterna, e uma tubulação para as torneiras e chuveiros alimentadas pela rede de distribuição de água convencional, caso se queira utilizar a água para fins potáveis, deve se planejar antes de tudo um sistema de filtragem que seja capaz de torna-la potável, além de se pensar em alternativas para tornar a água mais mineralizada, já que por ser de origem pluvial, esta possui poucos minerais em sua constituição, o que pode causar problemas quando ingerida, mas li em algum lugar que basta algumas pedras no fundo do reservatório para resolver esse problema. Claro que por segurança, mesmo uma casa que utilize a água da chuva para todas as funções, deverá continuar ligada ao sistema de distribuição de água convencional, pois podem haver problemas no sistema que não permitam a utilização da água (como uma contaminação no reservatório), ou pode haver chuva em quantidade insuficiente.

Sistema completo, com uso potável (azul, rede) e não potável (verde, chuva)

Penso que um desestimulo para a implantação de sistemas como esse, é a cobrança do uso da água pela cota mínima de 10 metros cúbicos de água (10.000L), quer dizer, usando 1L ou 10.000L, você paga a mesma coisa, então não existe uma política que incentive a economia de água e a adoção de sistemas mais complexos de captação de água pluvial, penso que poderia haver sim uma cobrança mensal para a manutenção do sistema de distribuição de água, e a cobrança da quantidade utilizada, assim qualquer pessoa que tivesse um sistema mais completo de captação, poderia continuar com sua ligação de água convencional por segurança, mas pagar somente a manutenção do sistema e o uso que fez de fato dessa água.
Além do que, a captação de água em cidades onde a impermeabilização do solo é grande, deve contribuir, mesmo que pouco, com um menor volume de água que escorre para os rios, já que está fica retida na cisterna. E se além do sistema de captação, a moradia contar com sistemas de tratamento de efluentes por evapotranspiração (água negra), e/ou por irrigação do solo (água cinza), estará fechando o ciclo hidrológico, captando água da chuva e devolvendo-a como vapor ou recarregando o lenços freático, assim como a floresta faz naturalmente.