terça-feira, 25 de novembro de 2014

Pomar Urbano adubado com composto de restos de cozinha e esterco humano.

Ideia...

Essa é uma ideia que para muitos poderia soar no mínimo estranha, mas racionalmente é muito lógica. Uma ideia dessa talvez só fosse implantada em uma sociedade mais evoluída, quem sabe daqui a alguns anos.


Algo como este canteiro, só que com árvores frutíferas e trepadeiras
O que seria esse pomar urbano? Bom... na calçada de cada casa e comercio, haveria canteiros altos (talvez 80cm de altura), feitos de alvenaria, que poderiam conter bancos agregados, esses canteiros seriam bem projetados, contando com drenagem adequada, solo adequado, e árvores adequadamente escolhidas para as condições do local, como fiação sobre o canteiro, proximidade entre canteiro e casas, tamanho dos frutos, diversidade de épocas de colheita etc. Poderiam ser usadas árvores pequenas, com frutos pequenos, que não pudessem causar acidentes, que não perdessem muitas folhas, entre outras características, algumas espécies interessantes: pitanga, jabuticaba, acerola, uvaia, mamão, amora e também espécies arbustivas como o manacubiu, enfim poderia haver diversas espécies, de acordo com o local, também poderiam ser adaptados caramanchões para espécies trepadadeiras como chuchu, maracujá, uva etc. Então em todas as calçadas haveria esse tipo de canteiro, com as árvores fornecendo frutos frescos durante o ano todo (diversidade de espécies), sombra para os pedestres, conforto térmico e acústico, abrigo para animais, material seco para o manejo das composteiras (folhas e galhos moídos), e embelezamento das vias.


Os canteiros se manteriam produtivos pelo manejo dado pelos moradores das proximidades de cada canteiro, os moradores teriam conhecimento básico de poda e manejo de frutíferas, afim de cuidarem eles próprios de todas as necessidades das árvores. A adubação seria feita a partir do material compostado nas casas, preferencialmente o oriundo da compostagem do esterco humano, e porque isso? Porque mesmo o composto produzido adequadamente a partir do resíduo proveniente do banheiro seco, não apresentando grandes riscos quando utilizado na adubação de hortaliças, ainda assim pode em alguns casos apresentar riscos, para evitar isto, pode-se utiliza-lo na adubação de árvores e plantas de porte arbustivo, sem risco para a saúde, já que o alimento cultivado encontras-se longe do solo.
Para isso cada casa contaria com seu banheiro seco, portátil ou mais complexo, o resíduo acumulado seria então compostado em composteiras seladas, como as rotativas, evitando assim a chuva sobre o composto, a invasão de animais, além de aumentar a velocidade da decomposição, o material compostado após a fase de maturação, poderia ser adicionado aos canteiros, resolvendo o problema de ter que tratar os efluentes de águas negras e devolvendo esse resíduo que seria desperdiçado na poluição das águas, além de descentralizar parte do problema do tratamento de lixo e efluentes, resolvendo localmente um problema local (um dos pilares da Permacultura).


Composteira rotativa

Banheiro seco portátil


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Como fazer iogurte caseiro

Essa receita eu faço a anos, e poucas vezes não deu certo e das vezes que não funcionou, o trabalho não foi totalmente perdido, pois ou continuo como leite ou virou coalhada, então algum produto no final haverá.

Ingredientes
Os ingredientes são poucos:

2 litros de leite integral -  fica melhor ainda ser for leite fresco
1 potinho de iogurte integral (170gr) ou ainda um copo de iogurte já preparado

Você também vai precisar de 4 potes de vidro de 500ml com tampa e  bolsa térmica, e um termômetro se tiver, mas é perfeitamente possível fazer sem este.


O iogurte é o resultado do processo de fermentação láctea, realizado por fermentos lácteos (microrganismos) que convertem a lactose em ácido lático, por isso eu sempre que compro iogurte prefiro os que foram fabricados a pouco tempo, pois estão mais frescos, e (imagino) devem conter mais fermentos ativos, mas não sei se isso realmente interfere no sucesso do processo.

Na minha experiência fazendo iogurte, percebi que algumas marcas não dão bons resultados, uma que me lembro é "Carolina", mas é possível testa e tirar suas próprias conclusões, as marcas que eu já usei e que nunca falharam foram; Nestlé, Vigor, Batavo e Frimesa, mas pode se tentar com outras, o importante é que o iogurte seja integral.

Vamos a receita.

Primeiro ferva os 2 litros de leite, tampe e deixe esfriar até que seja possível manter o dedo indicador (limpo!) por uns dez segundos dentro do leite, ou se constate com um termômetro a temperatura de uns 45° Celsius, então misture o iogurte de copinho no leite ( antes é bom mexer bem o iogurte dentro do copinho, para que ele não saia empelotado), então despeje esse leite com o iogurte dentro dos vidros esterilizados, é importante deixar um dedo de folga dentro do pote, porque o iogurte pode aumentar um pouco de volume dentro do vidro. Após o vidros estarem cheios com o leite e tampados, devem ser colocados dentro de uma bolsa ou caixa térmica, para que a temperatura seja mantida, caso esteja muito frio (Inverno), pode-se colocar uma garrafa de vidro, cheia de água quente, dentro da bolsa térmica. Deve se esperar umas 10 horas antes de abrir a bolsa, o iogurte produzido deve ter uma consistência firme e cheiro agradável.
Iogurte na bolsa térmica

Depois que se tem o primeiro iogurte, pode se usar parte dele (um copo de 250ml) para a produção do próximo volume, eu já utilizei o mesmo iogurte sucessivamente por 4 vezes seguidas, e deu certo, mas o gosto tende a mudar depois de se reutilizar o mesmo iogurte várias vezes, tendendo para um sabor de levedo, o melhor é utilizar umas duas vezes e ai começar com um iogurte novo.

Esterilizando os potes

Pode se esterilizar os potes fervendo-os com suas respectivas tampas dentro de uma panela grande com um pano ou uma tábua no fundo (para impedir que os potes estourem), ou pode-se simplesmente coloca-los dentro de uma forma, com as bocas para cima - potes e tampas - e despejar água fervente dentro e fora dos potes e tampas, não é o jeito mais correto de esteriliza-los, mas comigo sempre funcionou, afinal o iogurte é uma forma de conservação do leite, é dificilmente uma bactéria ou fungo que poderia estraga-lo, conseguira competir com o fermento lácteo, por esse motivo é que se o iogurte for mantido na geladeira, pode durar algumas semanas sem problema.

Fermento lácteo comercial

Eu já utilizei o fermento comercial importado duas vezes e não obtive bons resultados, ficou com consistência de leite e gosto fraco, e acho ele muito caro comparado com um copinho de iogurte e difícil de achar, é muito mais prático e barato comprar um copinho de iogurte e dificilmente não dá certo, mas essa é minha opinião particular.

Iogurte pronto

Mãos a obra!

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Cisternas

Acho que nem preciso falar da importância da água na vida cotidiana e na vida de todos os seres vivos, com o menor índice de chuvas que varias regiões do Brasil tem enfrentado nos últimos meses, ficou muito evidente como somos vulneráveis a escassez de água e como estamos despreparados para uma crise hídrica, dependentes dos sistemas públicos e privados de distribuição de água, por isso a importância da captação e armazenamento da água de chuva através de cisternas.

As cisternas podem ter diferentes níveis de complexidade, desde a mais simples - um recipiente que recebe água diretamente da calha, sem nenhum tipo de filtração - até sistemas com reservatório enterrado, com vários tipos de filtração, bomba elétrica etc.

Modelo simples
O tipo mais simples não possui nenhum tipo de filtragem, é apenas um desvio da tubulação da calha para um recipiente, que possui uma torneira e um ladrão para drenar o excesso de água. É uma água destinada a rega de plantas e lavagem de ferramentas de jardim. A cisterna da foto ao lado possui uma mangueirinha de nível, ligada por um furo no flange e esticada até a parte de cima do reservatório, que mede o nível interno de água, as pontas da mangueira devem ficar abertas para o sistema funcionar!

Um modelo mais complexo pode incluir um filtro para separar resíduos sólidos (peneira) para folhas e outras substâncias maiores, um filtro para descartar a primeira água da chuva ou a garoa, que acaba "lavando" o telhado e trazendo a poeira e outras substancias pra dentro do reservatório, também um sistema de freio d'água, para diminuir a turbulência da água dentro da caixa e diminuir a agitação do material decantado no fundo, e um sistema chamado "pescador" para captar somente a água de superfície dentro do reservatório, que é a mais limpa. Além de todas essas tecnologias de filtragem, um sistema mais complexo pode incluir sistemas de filtragem que tornem a água apta ao consumo humano (beber, cozinhar etc) como filtros de entrada e filtros UV. A complexidade do sistema vai depender do uso que se dará a água e do material/orçamento disponível.

Um site bem interessante, que tem muito material sobre construção de cisterna e outras tecnologias é esse: www.sempresustentavel.com.br  lá você encontra o passo a passo para a construção de todas as partes de uma cisterna.


 Um sistema de baixo custo

Aqui em casa eu construi uma cisterna de baixo custo, empregando materiais descartados, e utilizando o mínimo de materiais novos. Ela possui um sistema para descarte da primeira água, freio d'água, pescador, e uma bomba d'água de lavadora de roupa para elevar a água para o reservatório de cima.
Vista geral




Sistema de descarte da primeira água

Esquema tosco do sistema de descarte da 1° água
 Foram utilizadas uma caixa de amianto de 500L que recebe a água e serve de apoio para o reservatório de cima de 150L, para o sistema de descarte da primeira água eu utilizei algumas tubulações maleáveis e um "tee" feito de três partes para se adaptar as tubulações de diferentes diâmetros, a tubulação azul enche o recipiente verde de água, esse transborda e enche a tubulação azul, quando esta transborda, a água desvia para a tubulação preta que desagua no reservatório principal. Esse sistema pode ser feito apenas com canos, com uma tubulação descendo da calha, indo para um tee, do tee sai uma conexão do meio do tee para dentro do reservatório, e da saída de baixo se prolonga um cano até o chão, com uma tampa na ponta (cap) com um pequeno furo no meio (que servira para esvaziar o sistema depois que a chuva acabar), e um parafuso lateral, unindo o cap ao cano, é importante não usar cola para unir esse cap ao cano, para que numa futura limpeza do sistema, possa-se retirar a tampa facilmente, no site citado anteriormente é explicado a construção desse sistema, mas acho um pouco complexa a construção da ponteira do sistema (o cap na ponta), dessa forma simplifiquei com o uso de um parafuso apenas. 

Ponteira do filtro 1°água
Mecanismo do pescador

Pescador completo

 Nesse sistema de captação de água não achei necessário colocar um filtro de tela para barrar as substâncias maiores, pois no telhado de casa não caem folhas e a água é só para uso no jardim, mas foi adicionado um freio d'água e um pescador, pois apesar do ar limpo do litoral, ainda assim com o tempo uma camada de lodo formada por poeira, acaba se acumulando no fundo do reservatório.

Freio d'água alternativo e ladrão a direita
 
"Pescador" alternativo




Freio d'água
O freio d'água foi feito dobrando-se a tubulação e prendendo com arame, e o pescador foi feito com um conduíte amarelo ligado ao flange (é a peça que faz a ligação da parte interna com a externa do reservatório) e a outra ponta do conduíte esta fixada a uma garrafa pet que faz o papel de boia, mantendo a entrada do conduíte sempre próxima a superfície da água, assim captando a água mais limpa, o sistema pescador também pode ser feito somente com canos, no site da Sociedade do Sol (www.sociedadedosol.org.br) tem vários tipos de pescador que podem ser construidos, apesar de terem sido desenvolvidos para aquecedor solar, o projeto é idêntico ao da cisterna.

Outra necessidade quando se constroe uma cisterna, é como deixa-la mais alta do que o terreno, afim de ter altura suficiente para uma torneira, já que quanto mais alta, mais pressão haverá na torneira, na minha primeira experiência com a construção da cisterna, eu construi uma estrutura de madeira, mas essa em pouco tempo começou a apodrecer devido a umidade, o que ficou perigoso, já que 500L correspondem a meia tonelada, então a importância de se construir uma estrutura segura, é possível utilizar a madeira, desde que se proteja a estrutura, impregnando a madeira com algum tipo de óleo, como o óleo queimado, e também evitando quando possível que a estrutura fique tomando chuva, uma alternativa interessante, que eu testei construindo uma cisterna pequena em uma escolinha, é o uso de pneus cheios de areia úmida socada, fica muito resistente e durável. Uma dica para aumentar a pressão da água é usar flange e registro/torneira maiores, ao invés de instalar um flange e uma torneira de 3/4 (25mm), optar por um tamanho de 32mm ou 50mm, para encher um regador, um registro de esfera de 32mm é uma maravilha.
Base pronta

Socador
União dos pneus com arame

  
 O sistema ideal

Cisterna de ferro-cimento
Um sistema captação de agua pluvial ideal do meu ponto de vista, deverá não só suprir a demanda de água das plantas do quintal, mas também a água a ser utilizada para lavagem de roupas, uso nas descargas, banho, e até mesmo para cozinhar e beber, para isso deve contar com um reservatório grande o suficiente para suprir as demandas mensais de água, para isso deve se calcular a demanda da casa, a área total do telhado X a média pluviométrica da região, para assim calcular quanta água pode-se captar ao longo do ano e comparar com a demanda mensal, para assim descobrir o tamanho do reservatório ideal.

O reservatório principal pode ficar acima do solo, o que é mais barato, pois não é preciso escavar o solo, e pode se utilizar técnicas de construção, como a do ferro-cimento para construção do reservatório, que diminuem o valor do investimento, em locais com pouco espaço, o reservatório pode ser enterrado, além do reservatório principal, existira um reservatório secundário, que ficara abaixo do telhado ou sobre a laje, e se manterá cheio com água da cisterna, por um sistema de bomba elétrica e boia elétrica, também um sistema anti-estiagem, que nada mais do que a ligação da água da rede no reservatório secundário, esta ligação é controlada por uma boia, caso falte chuva e o reservatório fique vazio, ele será abastecido pela rede convencional.

O uso que se dará a essa água vai nortear o planejamento das tubulações da casa, caso a água seja usada para fins não potáveis, como descarga e lavagem de roupas, a casa deverá contar com um encanamento só para água da cisterna, e uma tubulação para as torneiras e chuveiros alimentadas pela rede de distribuição de água convencional, caso se queira utilizar a água para fins potáveis, deve se planejar antes de tudo um sistema de filtragem que seja capaz de torna-la potável, além de se pensar em alternativas para tornar a água mais mineralizada, já que por ser de origem pluvial, esta possui poucos minerais em sua constituição, o que pode causar problemas quando ingerida, mas li em algum lugar que basta algumas pedras no fundo do reservatório para resolver esse problema. Claro que por segurança, mesmo uma casa que utilize a água da chuva para todas as funções, deverá continuar ligada ao sistema de distribuição de água convencional, pois podem haver problemas no sistema que não permitam a utilização da água (como uma contaminação no reservatório), ou pode haver chuva em quantidade insuficiente.

Sistema completo, com uso potável (azul, rede) e não potável (verde, chuva)

Penso que um desestimulo para a implantação de sistemas como esse, é a cobrança do uso da água pela cota mínima de 10 metros cúbicos de água (10.000L), quer dizer, usando 1L ou 10.000L, você paga a mesma coisa, então não existe uma política que incentive a economia de água e a adoção de sistemas mais complexos de captação de água pluvial, penso que poderia haver sim uma cobrança mensal para a manutenção do sistema de distribuição de água, e a cobrança da quantidade utilizada, assim qualquer pessoa que tivesse um sistema mais completo de captação, poderia continuar com sua ligação de água convencional por segurança, mas pagar somente a manutenção do sistema e o uso que fez de fato dessa água.
Além do que, a captação de água em cidades onde a impermeabilização do solo é grande, deve contribuir, mesmo que pouco, com um menor volume de água que escorre para os rios, já que está fica retida na cisterna. E se além do sistema de captação, a moradia contar com sistemas de tratamento de efluentes por evapotranspiração (água negra), e/ou por irrigação do solo (água cinza), estará fechando o ciclo hidrológico, captando água da chuva e devolvendo-a como vapor ou recarregando o lenços freático, assim como a floresta faz naturalmente.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Downloads



Espaço para compartilhamento de materiais relacionados as tecnologias ecológicas entre outros.

  Temas:

Banheiro Seco - Tratamento de águas cinzas e negras

The Humanure Handbook em Português - O Livro mais completo sobre banheiro seco, traduzido para o português.

Potencial de uso de plantas aquáticas no tratamento de esgoto

Tratamento de esgoto por evapotranspiração - Passo a passo de como construir

Tratamento de esgoto com filtro de Areia, Brita e Plantas

Fossa séptica biodigestora no meio rural - Embrapa - Passo a passo de como construir


Plantas Aquáticas

Composição mineral do Aguapé

Série Agrodok

Agrodok é uma coleção de manuais para a pequena agricultura, que engloba os mais diversos assuntos, é uma produção da Agromisa

1 - Criação de suínos em regiões tropicais
2 - Manejo da fertilidade do solo
3 - Conservação de frutos e legumes
4 - Criação de galinhas em pequena escala
5 - A fruticultura nas regiões tropicais
6 - Levantamento topográfico simples aplicado às áreas rurais
7 - Criação de cabras nas regiões tropicais
8 - Preparação e utilização de composto
9 - A horta de quintal nas regiões tropicais
10 - A cultura da soja e de outras leguminosas
11 - Luta anti-erosiva nas regiões tropicais
12 - Conservação de peixe e carne
13 - Recolha de água e retenção da umidade no solo
14 - Criação de gado leiteiro
15 - Piscicultura de água doce em pequena escala
16 - Agrossilvicultura
17 - A cultura do tomate
18 - Proteção dos grão de cereais e leguminosas
19 - Propagação e plantio de árvores
20 - Criação doméstica de coelhos


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Aquaponia em Aquário

A aquaponia também pode ser uma opção para aquários, no meu caso comecei essa experiência pensando em eliminar a manutenção do filtro externo que meu aquário possuía, pois semanalmente era necessário limpar o material filtrante, e essa sujeira nada mais era do que fezes e restos de ração, que poderiam servir para alimentar as plantas no sistema aquaponico.
A mesa de cultivo funciona como o filtro biológico que alguns aquários possuem, que ao invés de simplesmente reter os resíduos sólidos da água, faz a biodigestão através das bactérias decompositoras, transformando elementos complexos, como a ração e as fezes dos peixes, em substâncias que as plantas aquáticas, ou no caso, as plantas de interesse no sistema aquaponico, podem assimilar em seu crescimento, além disso o filtro biológico tanto interno do aquário, quanto o filtro externo da mesa de cultivo, possuem bactérias nitrificantes que realizam o ciclo do azoto, transformando amônia, que é muito tóxica para os peixes, em nitrito e em seguida em nitrato, que também pode ser assimilado pelas plantas.

Vista geral

Construção do sistema

O sistema foi construido com um cano de 150mm, cortado no comprimento, a parte de cima contêm o substrato de apoio para as plantas e bactérias nitrificantes, e é formado por argila expandida, e a parte de baixo contêm a lâmpada que ilumina o aquário, as duas partes foram unidas com rebites, e vedados com silicone, as laterais foram fechadas com um pedaço de plástico, colado com silicone, - o ideal seria que os cantos fossem fechados com tampas de calha apropriadas, mas como essa foi uma primeira experiência, foi construida com o que se dispunha no momento - existe uma entrada de água do lado esquerdo e uma saída do lado oposto, a entrada e a saída foram construidos com conectores de rosca e pinos de irrigação de 1/2, uma bombinha submersa de 180lt/h faz o bombeamento da água.

 Observação:

Como esse é um aquário antigo, que possui estrutura de alumínio, o sistema fica apoiado diretamente sobre o aquário, em um aquário comum seria bom avaliar bem se a estrutura do aquário aguentaria com segurança o peso dessa mesa de cultivo. Também foi improvisado um calço do lado esquerdo, para aumentar a velocidade da água em direção ao sifão de saída, mas funciona bem sem o calço também, pode-se também deixar a altura do sifão de saída ligeiramente menor que a entrada.

detalhe da saída de água

entrada de água e iluminação

sifão com proteção para impedir entupimento

As plantas

Na escolha das plantas que irão compor a mesa de cultivo, é importante escolher espécies que gostem de muita água e que se adaptem a iluminação natural do ambiente. Por enquanto estou testando algumas plantas, já testei sigônio, taioba, duas espécies do gênero costus, dinheiro em penca (Callisia repens), e Tradescantia zebrina, as que melhor se adaptaram, gerando novas raízes e folhas, foram as espécies de costus e Tradescantia zebrina, o sigônio até que esta sobrevivendo, mas as folhas novas tem nascido defeituosas, as duas espécies de costus foram as que mais surpreenderam, em pouco tempo começaram a perder todas as folhas antigas, e começaram a desenvolver novos ramos e folhas, em duas semanas dois ramos novos se desenvolveram, com muitas folhas, todas perfeitas.
A primeira plantas da esquerda para a direita é uma espécie de costus de pequeno porte, que na foto mais abaixo mostra o ramo antigo seco e o novo ramo, já as plantas mais altas são espécies de costus de porte arbustivo, note os ramos da última planta à direita, com exceção das folhas com manchas amarelas, são todas folhas novas, desenvolvidas em apenas duas semanas. O importante é que se vá testando até se encontrar plantas que se adaptem bem, plantas de charcos, banhados, brejos já são um bom começo.

Costus ssp, Sigônio, Tradescantia zebrina, Dinheiro em penca, Costus ssp

Costus de pequeno porte e a entrada de água

Na minha opinião o sistema é bem promissor como filtro de aquário, tem funcionado muito bem no meu caso, a água do aquário encontra-se em ótimo estado, e as plantas dão um aspecto interessante ao aquário e ao ambiente.

sábado, 20 de setembro de 2014

Aquaponia de baixo custo

Aquaponia é um sistema integrado de criação de peixes (ornamentais ou não) e cultivo de hortaliças. O sistema funciona fazendo circular a água do cultivo de peixes para as mesas de cultivo de hortaliças, e destas para o tanque de peixe novamente, com as mesas de cultivo funcionando como filtro biológico, transformando os detritos dos peixes (resto de ração e fezes) em adubo para as plantas.

 Aqui vou relatar a experiência inicial que estou tendo com a Aquaponia.

A mesa de cultivo

A mesa de cultivo é a parte mais importante do sistema aquaponico, funciona como filtro biológico do tanque de peixes e o espaço onde são cultivadas as plantas, a mesa é formada pelo recipiente que conterá o substrato (argila expandida, cacos de telha de barro, brita etc), este por sua vez será responsável por dar suporte físico as raízes das plantas e a colônia bacteriana que fará a degradação biológica dos detritos, o sifão sino, que terá o importante papel de fazer a troca total da água, sempre que o recipiente de cultivo estiver totalmente cheio de água, essa troca de água é importante por promover a entrada de ar no recipiente (já que as raízes e as bactérias respiram oxigênio) e para promover a renovação total da água, e finalmente existem as plantas de interesse que serão cultivadas. O recipiente pode ser de qualquer material, com tanto que o recipiente seja impermeável e não enferruje, e é recomendável que tenha pelo menos 30cm de altura, para comportar bem tanto raízes como a colônia bacteriana.

Esquema bem básico do sistema
Recipiente cheio até a metade com cacos de telha

Recipiente completo com argila expandida (mesa de cultivo)


O Tanque de peixes

O tanque é onde viverão peixes, caramujos, plantas aquáticas etc, este também pode ser de qualquer material, pode-se reciclar velhas caixas d'água, piscinas, bombonas, banheiras etc. O tamanho do tanque vai refletir no dimensionamento da bomba d'água a ser utilizada e o tamanho das mesas de cultivo, a literatura diz que a proporção mínima entre o tanque e as mesas de cultivo é 1:1, mas com prática pode se chegar a volumes maiores de cultivo, como 1:3 (100lt de tanque para 300lt de mesa de cultivo), que dizer, se você tiver um tanque com 200lt de capacidade, poderá ter 200lt de volume nas mesas de cultivo.

Tanque e mesa de cultivo agregados

Plantas aquáticas; alfaces d'água (Pistia stratiotes), lentilhas d'água (Lemma sp) etc

Vista geral, tanque de 500lts e duas caixas de isopor de 50lts

Bomba d'água

A potência da bomba vai depender da capacidade do tanque. No meu caso, estou usando um bomba de máquina de lavar roupas, é uma bomba barata (paguei R$15 em uma usada, e uma nova custa em média R$30) e bombeia pelo menos 1000lt por hora. A desvantagem é o ruído durante o funcionamento e não pode ser submergida, devendo trabalhar protegida da chuva, é como não foi projetada para funcionar por longos períodos, além disso, provavelmente sua vida útil é menor do que uma bomba convencional, no meu caso, a bomba que  uso que foi comprada usada, está funcionando a pelo menos 4 meses de forma ininterrupta, para isso acrescentei um dissipador usado de computador, para ajudar a refrigerar a bomba, também é necessário fazer algumas adaptações na  bomba, para poder conecta-la a mangueiras ou canos de 3/4.

Bomba de lavadora de roupa sendo adaptada com pinos de irrigação

Pinos de irrigação colado com Durepox, e dissipador instalado

Bomba instalada dentro de um pote de 5lt para proteção


Sifão Sino

É uma parte bem importante do sistema, por promove a troca total da água (Efeito Maré) sempre que o recipiente de cultivo encontra-se totalmente cheio de água, é um sifão comum que possui um tubo fechado por cima (sino), com entrada somente na parte de baixo, obrigando a água a entrar pela parte de baixo. O funcionamento se dá da seguinte forma, a água quando chega ao nível da boca do sifão interno, começa a escoar para dentro do tubo, com isso o ar que está no interior do "sino" é sugado junto com a água, com isso cria-se um vácuo dentro do sino, que mantém o nível da água dentro do sino, acima da boca do sifão, a água vai sendo sugada, mesmo com o nível de água do recipiente de cultivo estando abaixo da boca do sifão, a água é assim sugada até que alcance o nível da boca do sino, quando o ar entra dentro do sino, o vácuo termina, e o nível do sifão se iguala ao do recipiente de cultivo.

 Experiência com o Sifão Sino

Esquema básico de funcionamento do sifão sino
Quando comecei a procurar informações sobre o sifão sino na net, não achei muita coisa, então construi meu primeiro sifão sino copiando imagens da internet, estes possuíam uma mangueirinha, que saia do topo do sino e descia até o fundo, controlando a altura de onde o sifão deveria parar de drenar água, pois quando a água chegava ao nível da mangueirinha, o ar entrava por ela, e o vácuo terminava. Durante os ajustes do sifão, percebi que a mangueirinha não era necessária, já que o objetivo era esvaziar toda a caixa, então um tubo de 50mm fechado com um "cap", com cortes em forma de triângulo na base, é o suficiente para um bom sino, mas como o caso aqui é construir um sistema de baixo custo, pode se usar uma garrafa estreita no lugar do tubo de 50mm, no meu caso eu utilizei uma garrafa de detergente transparente, funcionou perfeitamente, permite que se veja o funcionamento interno do sifão, além de possuir uma válvula, que se aberta transforma o sifão sino em um sifão comum, pela inexistência de vácuo. É importante ter um cano de 100mm ou uma garrafa pet, protegendo o conjunto do sifão sino, do substrato.



Sifão sem o sino
"Sino" convencional


"Sino" Alternativo